No Halloween, as crianças se divertem com a tradição do "doce ou travessuras," aproveitando os doces e fantasias - essas últimas, por vezes, se confundem com o Carnaval brasileiro, geralmente com um toque mais sombrio. Para os pais, é um equilíbrio delicado entre se deixar levar pela diversão e moderar, por exemplo, o consumo de açúcar, enquanto assistem seus filhos aproveitarem a temporada festiva.
Além da alegria de ver as crianças felizes, aprecio sinceramente a criatividade que o Halloween inspira, especialmente nas fantasias. Como ainda não domino a máquina de costura, recorro à Maria, uma costureira experiente, para dar vida às nossas ideias—agora com a minha filha, que participa com entusiasmo nas ideias de suas fantasias.
Conheço a Maria desde que eu tinha metade da idade da minha filha. Minhas primeiras lembranças remontam ao fim do jardim de infância. Desde que minha filha tinha dois anos (agora tem dez), visitamos a Maria pelo menos três vezes ao ano, colaborando nas ideias para as fantasias de Carnaval, Festa Junina e Halloween.
Nossas visitas são aguardadas com ansiedade, não apenas pelas roupas, mas pelo vínculo e amizade que construímos ao longo dos anos. Sempre me inspiro ao participar do processo criativo da confecção das fantasias. Por ser graduada em Arquitetura e Urbanismo, encontro grande satisfação em transformar ideias em realidades tangíveis, cuidando e observando cada detalhe, para dar vida a esses conceitos.
O ateliê da Maria reflete suas décadas de prática—ela trabalha basicamente como sempre trabalhou. Suas ferramentas são quase as mesmas: sua velha máquina de costura, uma mesa de corte dedicada, armários cheio de botões, tecidos, alfinetes e linhas, um cabideiro e um ímã antigo para os alfinetes (o favorito das crianças). Ela não usa WhatsApp nem celular e prefere anotar as medidas de seus clientes à mão, em um caderno. Observar esse processo atemporal é um lembrete da beleza do artesanato manual, uma habilidade cada vez mais rara no mundo acelerado de hoje.
O cenário da moda mudou drasticamente. As roupas sob medida são menos comuns, com muitas pessoas optando pela conveniência das roupas prontas. Pequenos ateliês diminuíram, e as lojas de tecidos, antes abundantes, diversificaram seus produtos para sobreviver. A industrialização e a tecnologia reduziram a demanda pelo trabalho manual, e a robotização provavelmente acelerará essa tendência.
Poder contar com a expertise da Maria parece um privilégio. Frequentemente me pergunto o que a motiva a continuar, quando ela poderia facilmente ter se aposentado. No entanto, o brilho em seus olhos quando chegamos, especialmente com novas ideias de fantasias para minha filha, diz tudo. Sua paixão é palpável, e ela se ilumina enquanto confecciona cada peça, compartilhando realizações passadas com suas clientes e aguardando ansiosamente o próximo projeto.
Embora nem todos trabalhemos com tecidos e linhas, o núcleo da abordagem de Maria ressoa em todas as áreas, nos lembrando do poder da criatividade e da resolução de problemas em todas as profissões. Cada projeto, por menor que seja, nos oferece uma oportunidade de pensar criativamente, superar desafios e alimentar um sentido de propósito em nosso trabalho.
Talvez não haja uma única razão para que Maria e outros como ela continuem engajados em seu ofício, mas acredito que a paixão seja o principal fator. Quando somos apaixonados pelo nosso trabalho—principalmente quando ele traz valor para os outros—somos abastecidos com energia e inspiração, fazendo o tempo parecer parar. Como profissionais, podemos nos perguntar: onde está nossa paixão e como ela pode trazer maior impacto e significado às nossas ações? Esse é o espírito humano eterno e insubstituível que nenhuma tecnologia será capaz de capturar ou reproduzir.
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(imagem gerada com Dall-E)
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