Agora que já entramos no segundo semestre de 2024, tem sido mais comum ouvir em conversas que o tempo está passando rápido demais e que está se tornando cada vez mais desafiador cumprir compromissos planejados devido a múltiplas demandas concorrentes. Sentir que temos que fazer muitas coisas, sem deixar tempo para outras que consideramos essenciais, frequentemente leva à exaustão mental, ansiedade e frustração.
Em "Essencialismo", Greg McKeown provoca uma reflexão sobre a busca do que é realmente importante, o que envolve escolhas, mudanças de atitudes e comportamentos. Notavelmente, ao longo dos anos, busquei mais simplicidade e significado nas coisas, o que foi um dos fatores que me levou a ler este livro. Processos de mudança, especialmente de transformação interna, nos levam a revisitar nosso "inventário", o que inevitavelmente resulta em abrir mão de coisas e priorizar o que realmente importa e faz a diferença.
Ao longo desta obra, o autor reflete sobre o perfil de pessoas essencialistas e não essencialistas. Começa refletindo sobre a tendência de dizer "sim" sempre que solicitado, muitas vezes com a intenção de não desagradar as pessoas. Isso nos leva a ter que fazer coisas em vez de escolher fazê-las. McKeown destaca que essa demanda é maior para pessoas bem-sucedidas, conhecidas por resolverem tudo, levando à dispersão do esforço, que o autor chama de "paradoxo do sucesso." Se pudermos nos concentrar em menos coisas com real significado e propósito, podemos avançar consistentemente em direção aos nossos objetivos e entregar nosso melhor. Ser essencialista requer intencionalidade, disciplina e ter controle sobre as próprias escolhas, não delegando essa atividade a outras pessoas.
A questão da prioridade é discutida, pois deveria ser a coisa mais importante, enquanto banalizamos ao pluralizar "prioridades". Priorizar implica abrir mão de muitas coisas em favor do que realmente escolhemos fazer. Usando a metáfora de manter um armário organizado, McKeown apresenta seu método em três etapas:
Explorar (identificar o essencial).
Eliminar (remover o não essencial e aprender a dizer 'não').
Executar (criar sistemas para manter as decisões).
Em "Explorar", o autor enfatiza a importância da concentração e da reserva de tempo para pensar, explorar e avaliar o que é essencial. Ele apresenta brincadeiras como uma forma de explorar o que é importante e inovar, os benefícios do sono e a importância de definir critérios de seleção ("Se não for um sim óbvio, então é um não óbvio").
Ao explorar "Eliminar", Greg apresenta a necessidade de clareza de propósito e definição de um objetivo essencial. Este ponto me fez pensar em um paralelo com modelos de definição de metas e medição, como os OKRs: "O objetivo essencial, por outro lado, é ao mesmo tempo concreto e inspirador, mensurável e significativo." Ele também discute a importância de dizer "não", o que requer coragem, firmeza e delicadeza, separando a decisão de quem está pedindo algo. Várias maneiras de dizer "não" e "descomprometimento" são exploradas: abrir mão de algo que já assumimos e superar o medo de perder oportunidades. Achei a estratégia do "piloto invertido" interessante, que consiste em remover alguma iniciativa ou atividade atualmente em andamento para ver se ela é sentida na prática. Finalmente, discute sobre "editar" a vida para eliminar o que é não é importante, deixando apenas o essencial e estabelecendo limites com os outros e contratos sociais.
Finalmente, em "Executar", McKeown explora como fazer coisas importantes quase sem esforço, estabelecendo uma rotina para manter as prioridades. Nesse ponto, fala sobre a adoção de "margens de segurança" ou contingências para permitir espaço para o inesperado e evitar consumir 100% dos recursos disponíveis. A preparação antecipada para compromissos também é destacada, principalmente porque tendemos a ser otimistas e subestimamos a complexidade de algumas atividades. Greg sugere adicionar 50% ao tempo estimado para contornar o fenômeno da "falácia do planejamento" e reflete sobre a utilidade do pensamento em cenários para avaliação de riscos.
Referenciando o clássico "A Meta", a identificação e eliminação de restrições ou gargalos também é citada como uma forma de avançar em direção ao mais importante e aumentar a produtividade. Além disso, menciona que o essencialista se concentra em pequenas vitórias, destacando que um dos fatores críticos para a motivação é reconhecer o progresso. Além da rotina, focar no presente é apresentado como uma forma de viver o essencialismo. Nesse ponto, Greg introduz o conceito de "kairós", que está mais relacionado à qualidade do tempo do que "kronos", que é quantitativo ou cronológico.
McKeown conclui enfatizando que viver plenamente o essencialismo pode trazer mais significado e propósito à vida. Ele também aplica o essencialismo à liderança e propõe um desafio de 21 dias para praticar esses princípios.
Essa leitura fluida e descomplicada pode também servir como uma provocação para repensar nossas vidas em que nosso tempo é disputado por inúmeras demandas, incluindo algoritmos que nos mantêm mais ligados ao mundo virtual. Afinal, o que é realmente essencial?
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