Intercalando leituras técnicas com ficção, decidi ler "A Biblioteca da Meia Noite", de Matt Haig. Embora o título e as primeiras páginas sugiram um tom sombrio, a trama se revelou envolvente, talvez com um roteiro adaptável para o cinema. A história gira em torno de Nora Seed, uma mulher de 35 anos carregada de frustrações e arrependimentos.
Nora, professora de piano de apenas um aluno, depressiva, perdeu seu emprego em uma loja de discos e seu gato de estimação. Em seu passado, foi uma nadadora promissora, aspirante a filósofa e glaciologista, e teve uma banda musical. Carrega também o arrependimento de ter cancelado um casamento. Após tentativa de tirar a própria vida, é "transportada" para uma biblioteca peculiar, guiada pela Sra. Elm, uma antiga bibliotecária.
Nesta biblioteca, Nora encontra um livro de arrependimentos e diversos outros que contêm versões possíveis da sua vida. E se ela tivesse se casado? E se tivesse se tornado uma artista de sucesso? E se tivesse seguido outra carreira? Ao longo do livro, Nora explora realidades alternativas, descobrindo surpresas em cada escolha. Sem revelar spoilers, cada capítulo é uma jornada de Nora em direção à auto-descoberta.
O livro me fez lembrar de outras referências que abordam a questão de adoção de diferentes perspectivas com relação à vida. Uma delas é essa reflexão contundente do filósofo brasileiro Clóvis de Barros, https://www.youtube.com/watch?v=mRTipKvhwqY, na qual discute a ilusão de que a escolha de caminhos alternativos nos poupariam de tristezas. Ele sugere que cada escolha traz mais dificuldades do que momentos de euforia, indicando que a felicidade não pode ser garantida por receitas. Sua abordagem realista sugere que a vida sempre terá tristezas, e quanto menos expectativas tivermos, mais podemos aproveitar as pequenas alegrias.
Tive também a oportunidade de ler recentemente com minha filha o clássico "Pollyanna", escrito no começo do século XX por Eleanor H. Porter, que popularizou o termo para pessoas excessivamente otimistas. Pollyanna sempre vê o lado positivo das coisas, usando o "jogo do contente". Mesmo nas piores circunstâncias, Pollyana consegue encontrar algo de bom.
Outro paralelo para reflexões quanto às perspectivas de vida, recordo o conceitos de "mindset fixo" e “minset de crescimento”, explorados amplamente por Carol Dweck em seu livro "Mindset: A Nova Psicologia do Sucesso". No primeiro existe a crença de que nossas qualidades são imutáveis ou pré-determinadas. Portanto, é limitante. Já no segundo, existe a crença de mudança e desenvolvimento por meio do esforço e da experiência, o que nos permite a lidar de forma diferente com os desafios e os fracassos da vida.
Considerando essas referências, enquanto ficam claros os benefícios de adoção de uma perspectiva mais positiva e pró-ativa com relação às dificuldades, há que se reconhecer que para quem está imerso em sofrimento extremo pode ser difícil encontrar o lado positivo das coisas. Nessas situações, o apoio e a compaixão daqueles ao redor são essenciais para trazer esperança e aliviar o sofrimento.
Voltando à “Biblioteca da Meia Noite”, a obra fala sobre escolhas e como lidamos com as adversidades da vida. Ao explorar realidades alternativas, somos lembrados de que, independentemente do caminho, sempre haverá desafios. Assim, a perspectiva que adotamos é determinante para extrair aprendizados das experiências, e consequentemente para o nosso desenvolvimento.
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